Por que não sou adventista?

Glauber Rodger
14 min readNov 4, 2016

Olha, essa é uma pergunta cuja resposta pensei que nunca precisaria explicar declarativamente afinal, o meu conceito de liberdade me permite — e também qualquer ser humano — crer, corroborar ou filiar-me a qualquer — ou nenhum — movimento religioso que desejar. Eu escolhi ficar com o “nenhum” pois fatos, leituras, vivências e decisões me mostraram que não preciso estar preso a nenhuma instituição para estar perto ou longe de Deus (por mais óbvio que esta afirmação seja). E algumas destas vivências me mostraram que ficar dentro de uma instituição pode até ser perigoso pela possível existência de uma sensação enganosa de que está tudo bem, quando, muitas vezes, pode não estar. Afinal, quem é imune à acomodação inerente a um banhinho nem muito quente nem muito frio… assim, bem morninho?

Leia-o somente se sentir-se interessado por este assunto, afinal, eu mesmo o acho maçante e desnecessário. Quer um resumo do que penso? Leia somente as quatro frases escritas em negrito neste texto. É como se você estivesse lendo cinco tweets meus. Porém, my duty calls e logo abaixo explico alguns porquês de ter de escrevê-lo.

Sinto até um certo desconforto em ter de falar sobre o assunto pois tenho uma grande relação com a palavra “adventismo”. Estudei por treze anos em uma escola adventista e só tenho a agradecer pelos ensinamentos cristãos fornecidos por excelentes professores em um ambiente muito agradável. Graças à escola adventista eu conheci o Mupy (risos), fiz os gols mais bonitos da minha vida (também, a distância entre os dois gols da quadra era de uns 35 centímetros), tive as melhores caminhadas matinais de minha vida (agarrado ao braço de minha adorada mãe no caminho casa-escola-casa) e os papos mais legais que uma criança pode ter com seu pai ao contar as travessuras do dia. Conheci e vivo sendo apresentado a obras de arte de música cristã repletas de profundidade em letras e melodias. Fiz grandes amigos, adventistas ou não, durante esse período que é quase a metade de minha vida. Amigos que passaram e muitos outros que são até hoje grandes e melhores amigos, infinitamente mais que irmãos.

Felizmente sempre houve muito respeito e amor por parte destes amigos e, por estes serem sempre cultivados, as amizades só crescem e frutificam. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova.” (Rom. 14:22). Então é simples assim. Não vou ficar torrando a paciência de ninguém por causa de algo que ele faça e eu não, que ele acredite e eu não. Se uma pessoa com a consciência cristã não se condena pelo que faz, quem sou eu para arranjar contenda com ele? Aliás, recomendo a leitura deste capítulo inteiro da carta de Paulo aos Romanos (se ler o livro inteiro, ainda melhor). Dica número um: respeite. Porém não com um respeito maquiado. Respeito é respeito e ponto final. Não existe “mas” e nem dupla interpretação.

Já faz tantos anos que decidi que nunca mais discutiria esse tipo de assunto com ninguém e sinto-me como se estivesse naqueles tempos em que eu era religioso e ficava debatendo doutrinas com os colegas de escola. Com o perdão da palavra, puta chatice! Entretanto, devo seguir em frente por alguns simples motivos:

a) Às vezes sinto que algumas pessoas tentam “achar uma brecha” para pegar no meu queixo, levantar minha cabeça, abrir a minha boca e derramar um gole de doutrina, assim como as mães fazem com os filhos que não querem tomar um novalgina em gotas (eca!), então, creio que, com este texto, quando isso acontecer, posso dizer: “acesse meu blog e evitamos perder nosso tempo.”. E c’est fini!

b) Àquelas pessoas queridas não-adventistas que observaram alguns fatos de minha vida e ficaram em dúvida sobre meu destino físico, religioso e até espiritual, gostaria de lhes dar um update, afinal, tem gente que deve achar que virei ateu pelo simples fato de ter sumido (risos) ou então um pastor adventista por ter realizado meu casamento dentro de um templo desta denominação.

c) Aos mais-que-queridos que são adventistas e ficam tristes por saber que eu não sou e também não sigo os estatutos da igreja, gostaria de deixar isso registrado e evitar alguns assuntos indesejados. Tenho para mim a regra de que um coração contrito não contrista e muito menos atrita com o irmão. Meu único objetivo é escrever sobre o que penso e não gerar motivos para iniciar uma sucessão de réplicas e tréplicas de argumentações. Não vou, em nenhum momento, defender o que creio ou debater quaisquer assuntos que envolvam religião. Não por aqui. Por isso, apesar de ler, não responderei ou publicarei comentários neste post. Se assim o fizesse estaria me contradizendo e permitindo que o assunto se transformasse em motivo de tropeço ou escândalo.

Portanto, chega de introdução. Como disse lá no começo, não leia este texto se sentir que não possui relação com o tema.

Eu vivo sob uma nova jurisdição.

Para mim a lei conforme definida pelo adventismo (os dez mandamentos das tábuas de pedra), para a qual considero a adição de todas as outras dezenas de leis enumeradas no pentateuco, foi cravada na cruz. Simples assim. Ou seja, vivo sob uma nova jurisdição, pós crucificação-ressurreição. É a tal da ordem de Melquisedeque, que me permite afirmar que existe uma mudança total de vigência levítica (Hebreus 7). E, nesta nova jurisdição — ou, novo mandamento, como preferir -, a lei que vale é outra. “Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.”. (João 13:34). Se ouço “mas Jesus veio para cumprir a lei!”, digo “sim, ele, somente ele, a cumpriu para nos livrar desta maldição”. Pois eu creio que a letra mata (2 Coríntios 3:6), que se vivesse pela lei eu seria culpado em todas as instâncias a todo momento (Tiago 2:10) e que Jesus Cristo se fez maldição por amor de todos nós, imerecedores (Gálatas 3:13). Também posso ouvir: “Mas o próprio Jesus disse: ‘Se me amais, guardai os meus mandamentos.’ (João 14:15). A esta indagação, respondo: “Sim, para mim esta é uma verdade absoluta! Mas como a frase foi dita por Jesus, ele mesmo deve ter a resposta. Então, ao invés de voltar ao Êxodo, à lei, para buscar a resposta, prefiro virar uma página na minha bíblia e ler João 15:12: ‘O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.’ “.

Para não me delongar demais, recomendo a leitura deste texto, bem didático, sobre esta nova jurisdição.

Não, não acredito que santificar o sábado importa em salvação eterna.

Não acredito e também não discuto esta afirmação e também em nenhuma outra que envolva doutrinas, como decreto dominicial, espírito de profecia atribuído a EW, sacrifício incompleto etc. Tenho esta opção e a escolhi. Somente acredito no puro e simples Evangelho. Tem gente (já ouvi muito isso) que pensa que uma pessoa que possui o conhecimento da lei e não a cumpre (especialmente o quarto mandamento) de birra, está condenado à perdição… Pra mim isso é um absurdo dos grandes mas, se a pessoa pensa assim, tudo bem. Eu a respeito.

Está consumado. Não há barganhas a serem feitas.

O “está consumado” dito por Jesus possui significado literal para mim. Significa que ali houve o cumprimento total do plano da salvação humana. Logo, ele encontra-se sentado à destra do Pai, sem fazer qualquer juízo investigativo. Não vou anular este sacrifício. Como resistir a alguém que possui algumas alcunhas como “o Pai de misericórdias” e “Deus de toda consolação” (2 Coríntios 2:3)? E este mesmo alguém é quem diz: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Apocalipse 3:19). Isto significa para mim que ele, sim, guarda e admoesta os seus. Significa que ele se importa com o relacionamento vertical entre ele e seus filhos. Significa que existe um processo de santificação, degrau por degrau, que leva um menino espiritual, que se alimenta apenas de leite, a tornar-se um homem, que se nutre do alimento sólido (Hebreus 5:12–14).

A Graça é de graça. Sou redundante demais e não consigo pensar diferente.

Nesta nova jurisdicação na qual me coloco existe uma nova lei que deve ser cumprida sob pena de perda de salvação, certo? Errado. Descobri que não adianta qual lei seja, eu não consigo cumpri-la. Como na música “E se”, do Stênio Marcius, eu queria demais amar a todos incondicionalmente mas, por mais que eu tente, eu não consigo. E não é por isso que vou deixar de tentar. Enfim, se a velha lei eu não conseguiria cumprir, muito menos a nova. Logo, confesso-me culpado. Eis então quando insiro o novo peso: a Graça de Deus. Independe do que eu deseje e/ou queira. Como vou renunciar pensar assim se o Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo (Apocalipse 13:8) e cujo pai também me escolheu antes da fundação do mundo (Efésios 1:4)? Simplesmente não dá.

Não me encaixo em estruturas religiosas.

Cansei-me de ouvir histórias, ler sobre acontecimentos e caminhar sob decretos feitos por homens e tradições muitas vezes seguidas automaticamente, sem respostas aos porquês que vinham à minha mente. Cansei-me de ver julgamentos de conselhos de igrejas que serviam somente para afastar pessoas e não para admoestar e resgatar (Cadê o perdão?). Cansei-me de ter a sensação que o assunto sempre era introdutório, periférico, sem nunca chegar ao cerne da questão. O papo era na maioria das vezes religioso e raramente espiritual. Leis, regras, estatutos, doutrinas e dogmas apresentados por pessoas que utilizavam a combinação palco-microfone para derramar “vasos de normas”. Cada lugar com seu script, mas geralmente era a regrinha básica: música, oração, dízimo e ofertas, mensagem, música, recados e bye bye, see ya!.

Conheci pessoalmente todo tipo de culto evangélico. Visitei os anglicanos, batistas e presbiterianos, recheados de um português impecável, para os quais o ideal era levar em uma mão a bíblia e na outra o dicionário, alguns bons e impactantes, outros em que preferiria estar dormindo ou assistindo ao PEGN, visitei os cultos adventistas, repletos de mensagens apocalípticas e inquisidoras mas que, ao final, passavam aquela segurança de “estar no local certo”, regados a uma linda melodia e canção, fui a cultos noturnos na Renascer em Cristo e presenciei muito “oba-oba apostólico”, fui a shows gospel ver bagunça e gritaria da meninada enlouquecida, fui a lúgubres missas católicas romanas, bati ponto na Assembleia de Deus do Bom Retiro às quintas para ver o “mermão” Silas Malafaia se apresentar e falar uma mensagem renegando tudo que havia dito sete dias antes e depois sair rodeado de seguranças, assisti a cultos da Neuza Itioka e seus súditos com aquele papo chato de maldição hereditária, fui ao Tio Cássio e à Bola de Neve, lugares nos quais sempre houve um cara que impôs mãos sobre mim gritando no meu ouvido me mandando falar em línguas de qualquer jeito (sem sucesso) e, pra fechar, cheguei até a andar por uns 200 metros (ou duas horas) na Marcha para Jesus, quando apenas olhei para o pessoal que estava comigo e disse: fui!

Pois é, já vi muito e, confesso, cansei. Em muitos dos lugares citados acima tive experiências bem legais e conheci muita gente boa de Deus. Mesmo inconscientemente, examinei de tudo e retive o que era bom (1 Tess 5:21). Sempre tive a sensação de que o Evangelho não poderia ser tudo aquilo. A sensação era de que eu era uma folhinha de árvore bem verde sendo levada de um lado para o outro pelos ventos de doutrinas.

Aí alguns religiosos chegam e dizem: “ele está brigado, revoltado com a igreja e/ou com os homens. Vamos orar que um dia ele volta” ou, pra piorar, “um dia ele se converte”. Não, não ore por mim se este for seu objetivo. Ore por mim para que eu ande nos caminhos do Senhor, para que eu ame mais, para que eu seja mais doador, menos imediatista, mais calmo, menos ansioso, com mais domínio próprio. Ore para que eu frutifique (Efésios 5). Mas, por favor, não ore para que eu me filie e algum grupo religioso ou para que eu seja um representante da sua igreja. Não ore para que eu me sinta como anulador da cruz de Cristo. Isso eu não quero.

A Deus eu digo: Senhor, a sua graça me basta. Obrigado por me aceitar do jeito que sou e do jeito que estou.

Não, eu não acredito que quem não cumpre a Lei e acredita somente na Graça tem a desculpa para viver no oba-oba.

“Não ter de cumprir a lei é fácil…” Como já disse anteriormente, para mim a lei foi cravada na cruz e foi sombra das coisas que haveriam de vir, e vieram com a vinda, morte e ressurreição do Cordeiro. Acredito na Graça, uma graça arrebatadora cujo entendimento é impossível ao homem natural (1 Coríntios 2:14–16), mas uma graça que automaticamente implica em mudança de rumos, em conversões diárias e em frutos. Sempre que toco neste assunto com minha esposa utilizo analogias bobas e até infantis, mas creio que são suficientes para explicar minha visão sobre o que realmente significa viver pela graça, diferentemente do que muitos pensam, que é acreditar que Deus morreu por mim e eu não preciso fazer mais nada. Em primeiro lugar, em minha opinião, se uma pessoa possui esta visão, ainda está longe de saber o significado de Graça.

Mas, vamos à analogia.

Assim como é natural ao cachorro latir, ao gato miar e ao pássaro cantar, é natural àquele que reconhece ser um destinatário de uma Graça imerecida amar e compartilhar. O lindo cachorrinho vai, às vezes, fazer cocô no lugar errado, o gatinho vai estragar um sofá novo e o pássaro pode bicar e machucar o dedo de seu dono. O homem espiritual também vai falhar e deixar de amar, deixar de compartilhar, enfim, deixar de fazer o que é o ideal. O objetivo é buscar o alvo. Posso descer um ou dois degraus hoje, mas amanhã luto para subir outros. Posso conseguir ou não. Não tem problemas, não há barganhas a serem feitas. A vida é uma luta constante e Jesus já me disse que não seria nada fácil (muito pelo contrário). Ele apenas me alertou a ter bom ânimo (João 16:33).

Creio que serei cobrado quanto ao cumprimento dos mandamentos desta nova aliança firmada entre Deus e o homem (Mateus 22:35–37, Marcos 12:30–31). É simples de entender esta mensagem e até seu processo de julgamento é explicado por Jesus em outros momentos, dentre os quais destaco Mateus 25:33–46. Não precisa abrir a Bíblia, eu mostro: “E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.”.

Em nenhum momento sinto o Rei me perguntando se eu bati ponto semanalmente em um local específico, se eu me batizei por aspersão ou por imersão, se eu contribuí com dinheiro para alguma instituição, se eu comi ou deixei de comer algo ou se eu trabalhei ou não em um dia. Aliás, por falar em dia, sabe qual é o Dia do Senhor pra mim? O domingo? Não. A terça-feira? Errou. Também desisti há muito tempo de fazer embarcar nestas vãs discussões protestantes nos quais uns citam o Êxodo e outros o Apocalipse para defender suas teses. Não sou judeu e também não sou protestante. Não falo grego ou latim. Para mim o Dia do Senhor é o dia chamado hoje. Logo, alguns tipos de assuntos que para o adventismo são questão de salvação ou perdição, para mim é coisa secundária, como Paulo diz em Romanos 14:5 e 6. Creio que, at the end of the day, a pergunta de Jesus será a mesma que ele fez a Pedro após o mascote do Atlético Mineiro dar o ar da graça, com a diferença de que a pergunta será no pretérito: você me amou?

A Graça é de graça mas não é barata. O preço pago por ela é imensurável. Daí vejo como alguns dos principais temas abordados no novo testamento são a admoestação, o perdão e o altruísmo como exercício desta graça que recebemos imerecidamente antes da fundação do mundo. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8). Desta forma, recorro aos conselhos e alertas de Paulo, de Tiago, Judas, João e tantos outros que sempre insistiram neste tema. A sensação que tenho é a de que eles gritavam para que as pessoas focassem no que é importante e, por mais paradoxal que pareça, o mais importante é o que é simplesmente… simples.

Este conhecimento que vem pela renovação da mente, sob meu entendimento, é um dom de Deus. Não escrevi palavras sobre quem eu sou. Apenas escrevi palavras sobre o que penso. Quero ser muito melhor do que sou, ainda falho demais, queria agir conforme tudo que sei e isso, sim, me condena muitas vezes, pois sempre tenho a sensação de que posso fazer mais e melhor para o Reino. Sei que é difícil vencer a mim mesmo, como disse o Stênio. Entretanto, pensar de forma diferente do que apresentei nestas palavras simplesmente não consigo.

O título do post possui um “ismo” — o adventistmo — apenas porque ele envolve algumas questões pessoais. Mas a verdade é que não me encaixo e não me encontro presente dentro de nenhum “ismo” cristão-evangélico-protestante porque a mentalidade cristã que possuo hoje e, principalmente, a visão que tenho do significado do Evangelho, não combina com os padrões e tradições que vi durante muitos anos dentro das igrejas. Existem pessoas que crescem, vivem e morrem dentro desta estrutura e se sentem bem com isso. Ótimo! Não vejo problema algum. Contanto que você busque amar, estou feliz com isso.

Meu intuito com este texto não é magoar ninguém ou querer provocar qualquer pessoa que pense de forma diferente. Sei que qualquer adventista de carteirinha possuiria dezenas ou centenas de passagens para retrucar tudo que escrevi mas, simplesmente, não é meu desejo passar por isso, muito menos levantar adventistas para me “convencerem da verdade”, pois já conheço A Verdade, que é uma pessoa chamada Jesus Cristo e ponto final. Como já disse antes, nos treze anos de escola adventista aprendi toda a doutrina da igreja e também li bastante os livros da denominação. Decidi, em sã consciência, que não é o que acredito e não quero pra mim. Afinal, somos livres para viver da forma como desejarmos e crer no que quisermos. Lembra-se que mencionei Romanos 14:22? É isso…

Depois te falar tanto sobre meu modo de pensar, gostaria de deixar apenas uma mensagem àquele que pensa que possui a verdade, que faz parte de um povo exclusivo, que guarda a lei mosaica, que acha que aqueles que tenham conhecimento da Lei e desobedientemente a rejeitam estão caminhando rumo à perdição e que, enfim, acha muitas outras coisas (se você pensa assim, você sabe quais são estas outras coisas): guarde os mandamentos que quiser, mas não se esqueça do amor. Abrace ao invés de afastar. Ajude ao invés de julgar. Enxergue ao invés de olhar.

Só quero continuar a cultivar boas e sinceras amizades, não importando crenças ou descrenças que a pessoa possua. Se você me esperava ficar falando sobre teologia e explicações que consideram a versão xis ou a tradução ipsilon da Bíblia, enganou-se. Apesar de escrever bastante tentei ser o mais simples possível.

É graça, é simples, é amor? Tô dentro.

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Glauber Rodger

Brazilian software developer living in Houston. Sharing thoughts and experiences.